Paul Krugman, da Universidade de Princeton, apelidou-a de A Estratégia de Dilbert: “Para esconder a falta de idéias sobre como agir, administradores por vezes fazem um grande espetáculo, reorganizando as caixas e linhas que dizem quem responde a quem”. Ou seja, comparou o plano de reorganização do sistema financeiro dos Estados Unidos, anunciado pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, na segunda-feira 31, a uma mera mudança de organograma. Grande parte da imprensa internacional classificou as medidas como a mais ampla reforma desde a Grande Depressão de 1929. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O projeto tem 218 páginas, ainda deve passar pelo Congresso e pode levar alguns anos para ser totalmente implementado. Basicamente, reduz para apenas três as atuais sete agências reguladoras que supervisionam o mercado financeiro. O Federal Reserve ganharia musculatura, porque, além de ficar de olho nos bancos comerciais, teria aval para vigiar os bancos de investimentos, os hedge funds e as companhias de seguros. A Securities and Exchange Commission (SEC, o xerife do mercado de capitais) se fundiria com a Commodity Futures Trading Commission (CFTC, que hoje cuida apenas dos mercados futuros). Em suma, o plano simplifica a rede regulatória, ao centralizar responsabilidades. Evidentemente, o mercado financeiro chiou, porque foge da regulação como o diabo da cruz. Os candidatos democratas Hillary Clinton e Barack Obama deram de ombros: disseram ser as medidas tímidas e tardias. O republicano John McCain foi um pouco mais simpático à iniciativa, mas como estratégia de se descolar do fracassado governo Bush ponderou que “já estava mais do que na hora de fazermos essa reforma”. Nada mudará a curto prazo. Mas talvez seja este um ponto de inflexão importante nas práticas do sistema financeiro, uma vez que defender o endurecimento dos mecanismos de controle deixou de ser pecado. Ao menos, na retórica.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/
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